Foto do jardim do Parque Burle Marx, São Paulo, SP, Brasil.
Todo projeto é uma história por si só,
que nasce de um diálogo real ou imaginário entre
o projetista-escritor e os leitores principais - agentes ocupantes do espaço.
O enredo só se dá através desse encontro.
E por isso, grande parte do trabalho de um paisagista é saber ouvir com atenção.
É a partir desse contato sensível e do entendimento das necessidades, sonhos e desejos dos usuários ou do público-alvo do espaço ajardinado, que o projeto começará a ser desenhado.
No paisagismo, diferente da arquitetura, não há normas restritivas e pré-estabelecidas que limitem as possibilidades de criação.
É a própria criatividade e a busca de referências e soluções que define o caminho do projeto, desde o ponto de partida até o ponto de chegada previsto.
De qualquer forma, para se criar, é preciso saber o que existiu antes… Identificar as características do ambiente a ser projetado e conhecer os diversos conceitos e repertórios culturais que foram inventados ao longo do tempo, como por exemplo, os diferentes estilos de jardins e possibilidades de composição de elementos dinâmicos e visuais, sejam eles naturais ou construídos.
Nesse aspecto, um jardim pode seguir um estilo clássico, apresentando formas mais geométricas como os jardins do Egito, com linhas explícitas, que conferem aspecto expressivo e marcante, ou ainda com linhas subliminares, que tendem a ser subjetivas e imperceptíveis ao primeiro olhar.
Ou ainda, o desenho do espaço pode seguir um estilo mais orgânico, como os jardins chineses, com linhas sinuosas ou espirais, que despertam a sensação de movimento e continuidade.
Um jardim pode ser pensado como um lugar de passagem ou permanência, de resgate de memórias ou de vivências inéditas, de contemplação ou experimentações… Pode transmitir diferentes e contrastantes percepções ao longo de seu trajeto.
Seja lá qual for a narrativa elaborada para a construção do jardim, segundo Abbud¹, todo projeto de paisagismo possui corpo e alma.
O corpo é o universo dos elementos físicos e materiais do projeto, é a parte visível e sensorial. Por sua vez, a alma é representada pelo universo dos símbolos, significados e valores, que fazem parte da história e da cultura.
Quando o projeto é bem estruturado, e todos os elementos são arranjados segundo princípios e intenções bem definidas, buscando a integração e harmonização do conjunto, o corpo pode deixar transparecer a alma, possibilitando, a quem conhece a história por detrás do jardim, saber os significados mais profundos associados às formas e composição do projeto.
Posto isso, um jardim deve sempre ser um convite a um passeio.
Desses que, como em um bom livro, se estivermos atentos, poderemos ser marcados por prazerosas descobertas, as quais dificilmente poderão ser entendidas de modo rápido e tão pouco de um só ponto de vista.
¹Abbud, Benedito. Criando Paisagens: Guia de Trabalho em Arquitetura Paisagística. 4ª ed. São Paulo – SP: Editora Senac São Paulo-SP, 2010.
Bellé, Soeni. Apostila de Paisagismo. IFRS - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. 2013.
Disponível em: <https://www.bibliotecaagptea.org.br/agricultura/paisagismo/livros/APOSTILA%20DE%20PAISAGISMO%20IFRS.pdf>
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